O QUE É MEU É TEU...

quarta-feira, agosto 31, 2005

Dia 5 (parte I)... roteiro Gaudí com pezinhos de Cinderela!

Acordámos cedo, sensivelmente pelas 8 horas da manhã, ansiosos por aproveitar cada bocadinho deste dia. O céu estava muito nublado, com previsões de chuviscos, e no ar a temperatura era bem mais fresca que o habitual. Mas não tinha importância. Hoje era um dia especial para nós e, para o que tínhamos planeado fazer, este tempo era o ideal.

Apesar de nos conhecermos há pouco mais de um ano, fez hoje 4 meses que estamos juntos. Não somos daquelas pessoas que ligam muito a datas (porque a vida a dois constrói-se todos os dias e não apenas nos aniversários), mas achámos que se justificava fazer algo diferente para comemorar o facto de, para além de todas as dificuldades que já passámos, continuarmos apaixonados como no primeiro dia em que nos vimos. Desta forma, um dia inteiro passado em Barcelona era perfeito.

Enfiámo-nos na viatura, apropriadamente vestidos para longas caminhadas e fizemo-nos aos mais de 100 quilómetros que separam Salou de Barcelona. Damos um doce a quem adivinhar o que nos aconteceu. Claro… para não estragar a nossa média, enganámo-nos novamente no caminho. Mas por esta altura até no engano já tínhamos prática e num instante nos desenrascávamos.

Chegados a Barcelona, ansiosos por devorar tudo o que pudéssemos o quanto antes, tínhamos 2 objectivos básicos iniciais: primeiro, desfazermo-nos do carro e continuar a pé por ruas e vielas; segundo, encontrar um posto de turismo que nos desse um mapa da cidade para escolhermos os sítios a visitar.

Problema nº 1: tal como na baixa lisboeta, estacionar em Barcelona é um verdadeiro inferno; as ruas estão apinhadas de gente, o trânsito roça os limites do caótico e os parquímetros não dão abébias aos automobilistas. Assim, tivemos de engolir muito sapo até darmos o braço a torcer e nos resignarmos a deixar o carro estacionado num parque no porto da cidade.

Problema nº 2: resolvida a questão do carro, rapidamente descobrimos que não há postos de turismo a cada pontapé numa pedra. Assim que começámos a subir La Rambla percebemos que o ponto de informação mais próximo ficava a sensivelmente 1 quilómetro de distância. Mas nada que nos abalasse. Já estávamos mentalizados que íamos ter muito que andar hoje.

Continuámos a subir La Rambla (uma versão melhorada da Rua Augusta só que três ou quatro vezes maior). A cada 50 metros encontramos artistas de rua, mimos, músicos amadores, pintores e toda a espécie de barraquinhas de souvenirs que se possa imaginar. Encaixada entre a Ciutat Vella e o Bairro Gótico, La Rambla transpira vida por todos os poros. De cada lado, os becos e as ruelas terminam em simpáticas pracetas e pátios antigos, com pequenos cafés e esplanadas espalhados aqui e acolá. Nas varandinhas dos prédios envelhecidos pelos tempos, vários jovens observam o que cá por baixo se passa, instalados nos inúmeros “hostales” e residências que se encontram a cada esquina.

Mais ou menos a meio da larga avenida, encontrámos um posto de informação que simpaticamente nos facultou uma planta da cidade. Traçámos logo o nosso percurso para o resto do dia: seguir La Rambla acima até à Praça da Catalunya, mais acima visitar a Casa Batlló, seguir para La Pedrera, dar um salto à Sagrada Familia, voltar ao Bairro Gótico, ir buscar o carro e, no caminho de volta, parar no Park Güell.

Um pouco mais acima da Praça da Catalunya, os pés da Miss começaram a dar sinal, assim como o tempo. Os chuviscos, o pó, o calor e a borracha das havaianas fizeram um cocktail explosivo e os seus pezinhos de Cinderela ameaçaram logo as bolhas da praxe. Nada que um passagem rápida na farmácia mais próxima não resolvesse. Com as patitas bem protegidas com pensos rápidos, continuámos até à nossa primeira visita: a Casa Batlló.

Por 16 euros tem-se direito a ver a estranha mas fantástica arquitectura do edifício desenhado por Gaudí. Ele é, sem dúvida alguma, o verdadeiro símbolo da cidade, um autêntico must-see para qualquer turista que se preze.

Numa das salas, não resistimos a deixar um pequena mensagem no livro de visitas e, com muitas fotos e muitos panfletos arrecadados, seguimos para o próximo destino: La Pedrera.


La Pedrera também tem o cunho de Gaudí e o seu estilo peculiar. Desta vez, a 8 euros por cabeça, pode-se visitar o terraço do edifício que tem uma vista magnífica sobre grande parte da cidade, inclusive da conhecida Av. Diagonal, que atravessa Barcelona de fio a pavio, cortando a meio o seu traçado rigorosamente desenhado a régua e esquadro. Também se pode visitar os vários atriums do prédio e o próprio apartamento do artista, que ainda conserva a decoração original intacta.

Para além do edifício em si, as duas enormes lojas de souvenirs são umas autênticas caixas de bombons do mais fino chocolate, que só apetece consumir até ao último bocadinho. Infelizmente, a esmagadora maioria dos artigos não cabem em todos os bolsos e, tirando o postaleco, a canetita ou o marcador de livros da praxe, pouco mais resta a gente menos abonada trazer para casa de recuerdo. O que vale é que a memória é uma câmara fantástica.

Saídos de La Pedrera, seguimos para a próxima paragem no roteiro Gaudí: a Sagrada Familia. A imponente igreja ergue-se frente a uma praça, com as suas torres gigantescas a querer troçar os céus. Apesar de estar em constantes obras de reconstrução e restauração (um bocadinho como o Castelo de S. Jorge), os 8 euros pagos valeram a pena, nem que seja porque a genialidade e a grandiosidade da obra nos tira o fôlego logo no primeiro olhar.

Do alto das suas torres, a 90 metros de altura, a vista sobre a cidade é qualquer coisa de extraordinário. Assim como os 400 e muitos degraus em caracol que se contam até lá acima. Claro que aqui os meninos preferiram esperar meia hora e pagar 2 euros adicionais por um elevador que os levasse directamente ao topo. Sim, porque os “jes” são malucos mas não são estúpidos.

Ao sair da Sagrada Familia, por volta das cinco, o corpo já anunciava fome e algum cansaço. Antes de pormos os pés ao caminho de regresso ao Bairro Gótico, tivemos de parar num cafezinho de ar enganadoramente envelhecido, que parecia saído do tempo das tertúlias e do encontro de velhos amigos para um debate de filosofias existenciais. O diálogo que tivemos com a empregada foi no mínimo surreal.

(continua...)

domingo, agosto 28, 2005

Dia 4... ou a demanda dos assambarcadores de espreguiçadeiras!

Hoje acordei com uma vontade enorme de foder. Deve ter sido a coca-cola a fervilhar-me no sangue durante a noite.

Mal a claridade das primeiras horas da manhã entrou pela porta da tenda, despertei e olhei para o lado para o ver ainda dormir. Despido, perdido em sono e ainda com aquele cheiro a cama e a sexo que eu adoro. Pensei acordá-lo da melhor forma possível… beijar-lhe o corpo todo e sentir a sua pele, ainda fresca da manhã, de encontro à minha. A estranheza inicial de quem acorda sobressaltado e não distingue bem o sonho da realidade, rapidamente passou à certeza de que eu estava a oferecer mais do que um simples despertar. Consumimo-nos naquele mesmo instante, enquanto todo o parque ainda ressonava em silêncio.

Levantámo-nos por fim e fomos ao supermercado comprar o leite para o pequeno-almoço. Mesmo bêbados de sono e de sexo, não pudemos deixar de estranhar a fila de pessoas que aguardava a abertura da piscina às 8h50 da matina. Enfim, cada um madruga de boa vontade por aquilo que lhe dá mais prazer!

Depois de comer, foi a vez dos dois nojentinhos visitarem a piscina. Ao contrário do que esperávamos, o recinto tinha meia dúzia de gatos pingados embora as espreguiçadeiras estivessem quase todas ocupadas.

Miss: agora é que eu ‘tou a ver. A malta faz fila logo de manhã pra vir marcar o lugar. Deixa a toalhinha e baza. Já viste isto?
Mr: falta de respeito do caralho. Esta merda não devia ser permitida.
Miss: acredita... estão pessoas abancadas na relva quando isto ‘tá quase vazio. Há gente com uma lata do caraças!

E por volta do meio-dia, havia muito esperto que ainda nem sequer tinha ido aquecer o lugar marcado às 9 horas da manhã.

O sol começou a apertar e resolvemos sair para comer. Mais um vez, não nos refreámos a uma refeição hipercalórica em que as batatas fritas passaram a ingrediente principal. Além disso, delirámos quando descobrimos que nos supermercados se vendem doses embaladas de “alioli”. Ainda nos perdemos durante o almoço com divagações acerca de um futuro negócio de importação do dito molho para Portugal.

Empanturrados, não resistimos a nos esparramar de novo debaixo das árvores. Com o calor que estava, em pleno processo de digestão e sem sombras disponíveis na piscina (sim, porque por esta altura já os donos das toalhas haviam reclamado o seu lugar de direito!), não achámos sensato prostrar-nos à torreira do sol mesmo na hora do cancro. A “siesta” durou até à hora do jantar. Que bem que aquilo fez ao corpinho e ao tecido adiposo!

Como havíamos prometido na noite anterior, regressámos a Cambrils para continuar a passeata. Desta vez fomos mais cedo, não só para não demorarmos uma hora a estacionar o carro, mas também para apanharmos ainda o pôr-do-sol na praia.

Já estávamos prontos para a pressão da escolha de um restaurante para jantar quando descobrimos um oásis no deserto das “paellas” e dos calamares: um McDonald’s! E foi mais um daqueles desejos assolapados como foi a coca-cola às 2 horas da manhã. Nem pestanejámos e entupimo-nos de hamburgers e batatas fritas (again). Um reparo: em Espanha, o McDonald’s não tem o molho especial para batatas, pelo que temos de nos resignar à tradicional maionese. Mas tem a vantagem (na nossa opinião) de servirem os Sundays com uma cobertura especial de crocante de amêndoa.

Entre uma dentada num Crispy McBacon e um gole na coca-cola de litro, ainda tivemos tempo para uma reflexão.
Mr: já reparaste que o McDonald’s, seja onde for, atrai sempre mitra?
Miss: ya, a maioria desta gente tem um ar muito duvidoso.
E na verdade tinham. Espanha, e aquela zona em particular, parecia ser o paraíso dos adeptos do tunning de mau gosto. E faziam da entrada do Mac o seu ponto de encontro, guerreando entre si que nem animais o troféu da melhor nave espacial, do sistema de som que mais decibéis debita por segundo ou da namorada com mais centímetros de pele a descoberto. E depois ainda dizem que os portugueses é que são chungas.

Após esta breve reflexão, decidimos aproveitar o que Cambrils tinha para oferecer. Pelo imenso paredão que atravessa a cidade de uma ponta à outra, multiplicam-se artistas plásticos, retratistas e caricaturistas. O handmade fazia muito sucesso e uma senhora destacava-se pela originalidade, gravando nomes em ínfimos bagos de arroz, que depois colocava num tubinho de vidro com água, preso por um fio, para pendurar ao pescoço.

O último grito da moda para a camonada eram as tatuagens henna e as extensões de tranças para o cabelo. Não parecia haver uma única estrangeira em Salou ou Cambrils que não tivesse aderido ao raio das tranças. Mas, em contrapartida, não nos lembramos de ter encontrado uma sequer a quem aquela porra ficasse realmente bem. Enfim, nem todas podem ser a Alicia Keys.

Já com dinheiro gasto e após ter batido todos os becos e ruelas à procura de um souvenir para a família, reparámos na fila de gente que se amontoava à porta de uma gelataria, com uma esplanada gigantesca com vista para a praia. Nota: tudo em Salou e Cambrils parece ter vista para a praia, nem que seja para um metro quadrado de areia.
Mr: olha lá a quantidade de gente! As outras estão às moscas, parece que caiu tudo aqui!
Miss: deve ser a melhor de todas. Olha só a montra dos gelados.
Realmente era fenomenal. Gelados e sorvetes caseiros numa variedade infindável de sabores, desde os mais comuns aos mais invulgares. Chocolate puro, “mantecado” (whatever that is), creme catalão, arroz doce, melancia, romã… uma lista interminável que só visto. Ficámos baralhados, claro. E mais ainda quando pedimos a carta com os especiais da casa. Abusivo mesmo. Mandámos logo vir duas taças monstruosas que devorámos enquanto o Diabo esfrega um olho. Bons e baratos ainda por cima! Algo que em Portugal, numa zona como aquela, nos teria custado uns bons 4 contos. Era muita tentação junta para duas pessoas facilmente tentáveis.

Resistindo ao impulso de ficar ali o resto da noite a empanturrarmo-nos de doces, regressámos ao parque. Não, esta noite não fodemos. Estávamos cansados, sem saber muito bem porquê, e desligámos as turbinas mal encostámos à box. Como que a prepararmo-nos para o dia especial que tínhamos planeado para amanhã.


quinta-feira, agosto 25, 2005

Dia 3... "siesta" e calamares!

Ao contrário do que se esperava até acordámos cedo. Devia ser o cérebro a dizer-nos para aproveitar ao máximo todos os dias.

Depois de um pequeno-almoço nutritivo (com leite fresquinho Letona, que faz bem a… qualquer coisa!), pegámos nas nossas coisas e fomos pôr os pés na praia de Salou. Fomos a pé. Decidimos que o carro só seria um recurso quando fosse estritamente necessário.

O céu estava um pouco nublado e a ameaçar chuva mas o sol quando descobria era insuportável. O primeiro contacto com a areia fez-nos lembrar Portugal e os seus areais imensos, claros e finos. Aqui a areia é mais grossa e mais escura. Mas as praias estão sempre limpas e a água do mar é um caldo que só visto.

O sol enfim se desembaraçou por completo das nuvens e já não aguentávamos tanto calor. Por esta altura já era hora de almoço e resolvemos ir comer. Já não me lembro bem o quê mas certamente não foi nada saudável.

De volta à tenda, a moleza da tarde começou a bater-nos forte. Se em Roma sê romano, então em Espanha sê espanhol. Se eles fazem “la siesta”, nós também fazemos. Nessa altura fez-se luz nas nossas cabecinhas.

Miss: olha lá Mr, o raio do toldo não era suposto fazer sombra algures por aqui?
Mr: e faz, olha aqui… neste cantinho da tenda e neste bocadinho cá fora.
Miss: oh foda-se, mas isso não dá sequer para nos sentarmos à sombra quanto mais deitar!
Mr: ora aí está… uma merda bem montada!
Lá acabámos por nos arranjar debaixo das árvores e aparrámos de barriga cheia. Duas ou três horas depois, fomos dar o ar da nossa graça até à piscina. O parque tinha três à escolha mas fomos espertos o suficiente para arranjar um lugar perto da maior.

O espaço era digno de um hotel 4 estrelas, com o barzinho à beira da piscina para os turistas tomarem o cocktail da sombrinha dentro de água. E com tanta palmeira e tanta espreguiçadeira quase parecia que estávamos nas Caraíbas em vez da terra de “nuestros hermanos”. Afiambrámos logo duas espreguiçadeiras e continuámos a “siesta”, desta vez à borda d’água.

Decidimos ir jantar a Cambrils, uma terra ao lado de Salou, maior e com mais animação (ou, entenda-se, com maior apelo consumista!). A escolha do restaurante foi um drama. A fome era muita mas com tanta oferta a malta baralha-se. Resolvemo-nos pelas tapas. Calamares, “pinchos” (aquilo a que nós chamamos de espetadas de porco, mas em versão mini), batatas fritas e duas doses de “salsa alioli” (uma espécie de maionese de alho) e “salsa romesco” (um molho feito com azeite, colorau e frutos secos).

Miss: prova lá o molho, vais-te passar.
Mr: hmm… foda-se isto é orgásmico!
Miss: vamos engordar que nem porcos. Só temos comido merda estes dias!
Mr: isto pra mim é uma maravilha que sou um colestrólico anónimo. Qualquer dia tenho um ataque cardíaco.
Miss: parvo… mas olha, se morreres ao menos espera pelo fim das férias se faz favor!
Depois do repasto entregámo-nos ao prazer do capitalismo. Cambrils é o paraíso dos consumistas compulsivos. As ruas estreitas e isentas de carros estão apinhadas de lojas, prontas a ir ao bolso do turista inconsequente.

Não tivemos muito tempo para deambular porque o parque fechava a entrada dos carros à meia-noite e não estávamos com muita pachorra para ir a pé até à tenda, que ainda era longe da entrada. Mesmo assim ainda conseguimos comprar dois piercings novos para o meu sobrolho, um par de óculos de sol e uma camisa para o Mr, uma pulseira, dois chupas e meia dúzia de gomas para o caminho.

Quando damos por ela, o dinheiro que tínhamos levantado já tinha ido. Sem paciência para mais e com pressa de voltar, regressámos a “casa”, prometendo voltar no dia seguinte para continuar a nossa maratona de compras, de doces e de passeio.

Já na tenda, de porta aberta (sim, estrategicamente virada para o muro), só mesmo uma foda daquelas para acabar o dia em beleza, ao som da segunda metade da banda sonora que tinha preparado para as nossas férias. A música não chegou para abafar os nossos gemidos de prazer e a cada foda que dávamos o nosso despudor aumentava, fazendo-nos cagar para o facto de as tendas não serem feitas de tijolo nem terem vidros duplos. Por essa altura, já os nossos vizinhos holandeses tinham percebido que o casal do lado era ruidoso e dado a linguagem obscena (ou pelo menos deviam desconfiar que o que dizíamos entre gritos e suspiros não devia ser coisa boa). Mas também, quem mora num país que legaliza tudo aquilo que em Portugal se condena, não deve ter problemas com dois fodilhões barulhentos.

Depois de um cigarrinho bem fumado, só mesmo um capricho pós-coito. A cereja no topo do bolo; um desejo incompreensível de beber coca-cola (e logo eu que detesto). E a sorte de ter uma máquina de bebidas a 50 metros da tenda (nós bem dissemos que o parque era perfeito!). Voltámos de lata em punho para saciar o nosso desejo segundos antes de começar a chover desalmadamente. Enfim, como se nos ralássemos muito com isso!



terça-feira, agosto 23, 2005

Dia 2... finalmente de tenda armada!

6:30 da manhã e o cheiro intensifica-se. Acordámos com o aroma e com o barulho dos carros dos hóspedes do Ibis a abandonarem o hotel bem cedo.

Tínhamos 600 km pela frente e apenas 2 horas de sono, sem banho tomado e ainda mais rabugentos.

Enquanto andávamos mais uma vez perdidos, às voltas para entrar de novo na auto-estrada, a estupidez matinal atacou.

Miss: olha que giro, as coisas do Minipreço saem deste armazém!
Mr: epah não quero saber, quero é encontrar a estrada.
Miss: opah fogo, és tão mau, é preciso falares assim?
Mr: oh Xu desculpa, ainda ‘tou a acordar. Só quero encontrar o caminho e sair daqui.
Uns quilómetros mais adiante e após ter encontrado a estrada, parámos para abastecer o estômago e a viatura. Graças ao prestável senhor do café, ficámos a saber que uma “tostada” é uma torrada com manteiga e um “mixto caliente” é que é uma tosta mista! Ah, e que os anormais dos espanhóis põem azeite em tudo. Até no pão ao pequeno-almoço!

Continuámos a viagem debaixo de um sol abrasador e se não fosse o calor teríamos continuado na palheta. Só ao fim de 1042 km percorridos em conversa constante tivemos de recorrer ao CD. Groove Armada, que com o cansaço e o bafo quente do interior não há forças para pensar quanto mais falar.

Aproveitando a deixa da música, a Miss revelou um pouquinho da surpresa que tinha preparado para as férias.
Miss: sabes uma coisa? Entretive-me estes últimos 2 dias a fazer uma playlist para nós.
Mr: a sério?
Miss: ya… para as nossas noites! Eh eh
Mr: ohh tão querida… E quanto tempo tem?
Miss: bem, sendo que são 52 músicas, eu diria que é capaz de ter aí umas 4 horas e tal!
Mr: fogo Xu, esmeraste-te!
Miss: nem me digas nada! E não pus tudo o que tinha pensado pôr! Escolhi só as músicas que era capaz de ouvir enquanto ‘tivesse a foder! E como eu gosto de estilos muito diferentes, foi uma trabalheira do caraças fazer um seguimento de músicas que se articulassem minimamente! Soul, com hip hop, com chill, com alternativo, com rock, com motown…na volta ‘tá uma salganhada do caraças!
Mr: se bem te conheço deve ‘tar bom! Se as passagens de umas músicas para as outras fizerem sentido, nem notas a mudança de estilos. Que músicas é que meteste??
Miss: ohh não te vou dizer, depois vês! Mas posso dizer que começa com Linda Perry, passa por Massive Attack, Ella Fitzgerald e acaba com Joss Stone!
Mr: bem, deve ‘tar lindo! Já ‘tou mortinho pra ver isso assim que lá chegar! Foda-se tenho de me esmerar… 4 horinhas seguidas…
Miss: ahahaha… entusiasmei-me, agora desenmerda-te!
E fiquei entretido mais não sei quanto tempo a tentar adivinhar o conteúdo da playlist, até que a certo ponto desisti e não tive outra alternativa senão esperar para ver!

A 4 ou 5 km de Tarragona, já perto do nosso destino paradisíaco, a paciência já se nos esgotava.
Mr: olha lá, Tarragona é no litoral, certo?
Miss: certo
Mr: porra, ‘tamos a menos de 10 km de Tarragona e só vejo montanhas!
Miss: ah é já ali depois daquele monte! Olha, mais uma terra… La Pobla… de Mafumet. Tem tudo a ver!
Mr: olha, o primeiro a ver o mar tem de bater uma palma
Miss: hmmm… ‘tá bem. Pró que nos havia de dar a estupidez. Para variar!
Afinal Tarragona continua no mesmo sítio e ao fim dos 10 km lá estava ela à beira-mar plantada. O próximo passo era encontrar a N-340 para Salou e, como sempre, as putas das placas trocaram-nos as voltas. E sim, o problema era da minha co-piloto.

Pela uma da tarde finalmente chegámos ao final da nossa viagem. Aparrámos na primeira das muitas esplanadas com vista para o mar que encontrámos. Até que enfim uma refeição decente depois de um dia inteiro a alimentar o corpinho a sandes rafeiras e a suminhos de lata!

Ainda estávamos meio aparvalhados da viagem e nem parecíamos acreditar que tínhamos chegado. A passagem Lisboa-Salou (e, com ela, a diferença horária de uma hora) tinha sido tão rápida que estranhámos o mundo onde os estrangeiros eram tratados como reis. A camonada amontoava-se na marginal e lutava por um bocadinho de sol e de espaço na praia. E nem reparavam no facto de já estarem transformados em lagostas de duas patas.

Lembrámo-nos, de repente, que com tanta afluência de gente seria um atitude esperta procurar estadia o quanto antes. Saímos da esplanada e fomos investigar as duas hipóteses de campings que tínhamos pensado. A primeira foi posta de parte. Ficava em La Piñeda, uma cheia de actividade, mas um pouco deslocada de tudo. A segunda hipótese era perfeita. Havia vagas, havia sombras e piscinas com fartura. Além disso, ficava a 100 metros da praia, o que dá sempre jeito. O Camping Sanguli era mesmo perfeito para aquilo que pretendíamos para os próximos 7 dias: descanso, praia, bronze e sexo… muito sexo.

Escolhido o spot estrategicamente (à sombra, num recanto escondido e com bastante espaço), tratou-se de armar a tenda… literalmente.

Mr: vamos virar a entrada para este muro, que achas?
Miss: acho bem, pelo menos ninguém vê nada cá para dentro e podemos ter sempre a tenda aberta.
Mr: e tenho ali uma lona que trouxe do meu irmão. Podemos fazer de toldo para dar sombra o dia todo. Não sei é se dá para fazer, estas árvores estão um bocado afastadas.
Miss: dá, dá, a gente arranja!
As duas alminhas lá se orientaram a esticar o almejado toldo. O estaminé estava montado, eram seis da tarde, estávamos estafados, eu escorria água pela cabeça abaixo e só pensava num banho fresquinho.

Lá fomos. Banho tomado, voltámos à tenda para trocar de roupa para o jantar. Apesar do cansaço, fodemos desalmadamente naquele mesmo instante, como que a dar as boas vindas a uma semana inteira longe de tudo e só para nós.

Com o apetite no auge, comemos uma pizza cada um no restaurante do parque. Não tínhamos forças para dar grandes passeios essa noite. Regressámos à base por volta das 23 horas para o merecido descanso. Mas não resistimos a foder mais uma vez antes de fechar os olhos cansados. A banda sonora que ela tinha preparado para nós esteve perfeita.



terça-feira, agosto 16, 2005

Dia 1... ou o calvário das placas de trânsito!

Conforme previsto, saímos de Lisboa ao final da tarde, para gáudio da audiência. Cúmulo dos cúmulos… conseguimos não trazer muita tralha e enfiar tudo na mala da BM… ou melhor, quase tudo.

Beijinhos e abraços e fizemo-nos à estrada. Muito importante antes disso: chupa-chupas. Uma paragem rápida na Galp para abastecer de doces que a viagem é longa (mais precisamente 1187 quilómetros). E pronto, gasóleo também que dá sempre jeito.

Antes de sair da bomba, o Mr. reparou em algo que nunca tinha visto.

Mr: foda-se tenho uma luz vermelha acesa.
Miss: o que é que diz?
Mr: é uma bola com um P lá dentro.
Miss: hmm… travão de mão??
Mr: ahhh… pois é!

Moral da história: ainda querem estas alminhas atravessar a Península Ibérica de carro! Pfff…

Não foi preciso mapa para chegar até Madrid, e se os espanhóis não dessem três nomes diferentes à mesma estrada, teríamos ficado logo num dos três Ibis que tínhamos previsto ficar.

Mr: e agora? M-30 ou M-40?
Miss: epah sei lá, há 3 saídas pró mesmo sítio! Vai pela M-30 pronto.
Mr: e em que sentido é que é?
Miss: sei lá, apanha uma, logo se vê.
Mr: isto ‘tá bonito ‘tá.

5 minutos depois…

Mr: foda-se já ‘tamos mal.‘Tamos a ir para a Coruña!
Miss: vá, sai aí e volta para trás…


Mais 10 minutos…

Mr: ah agora ‘tamos bem, foda-se. M-30! Que saída é?
Miss: é a 17 para o Centro Logistico CLA
Mr. e Miss: saída 14, 15, 16, 19… ???
Mr: foda-se, caralho!
Miss: e a 17? Viste? Desapareceu!!
Mr: sei lá eu ó caralho! Só sei é que já são 3 da manhã e anda aqui um gajo à procura da saída 17!
Miss: epah que se foda, passamos Madrid e ficamos no Ibis de Guadalajara que é logo a seguir.
Mr: se o encontrarmos, ó caralho! Vamos chegar a umas lindas horas!

Uma hora depois já estávamos cansados, rabugentos e esfomeados. Parámos numa área de serviço. Uma excursão cá fora, gente a dançar e a beber. Hmm, Ivete Sangalo?? Claro, só podia… portugueses!

Mr: foda-se, olha pra isto! Abomino isto!
Miss: isto o quê?
Mr: isto! Excursões! Abomino excursões… abomino pronto!
Miss: oh porquê? Coitados, ‘tão a curtir a deles!
Mr: epah apetece-me abominar, que é que queres?
Miss: caralho do miúdo… já ‘tamos rabugentos, vamos mas é embora!

Quatro quilómetros adiante lá apareceu o tal hotel… do outro lado da estrada mas apareceu!

Claro que nos enganámos mais uma vez na saída mas sim, foda-se, finalmente íamos descansar (às 4:30 da manhã). Puta da sorte “el hotel es lleno”, diz o gajo da recepção! Melhor ainda, eram os tugas da excursão! Filhos da puta! Afinal há quem abomine por alguma razão!

Miss: foda-se, não vamos a mais lado nenhum, vamos dormir mesmo no carro!
Mr: mas aqui cheira mal como a merda!
Miss: já te dou o cheiro. Assim que aparrar já nem sinto nada.

Bancos para trás, uma sandes e um sumo manhoso no bucho e aparrámos ali mesmo, nas traseiras do Ibis, com vista para as janelas dos quartos que era suposto serem nossos.

Fomos canados...

O Mr. e a Miss desapareceram… foram vistos em Lisboa pela última vez e sumiram sem deixar rasto… durante dez dias nem sinal dos dois… apenas foi encontrado, tempos depois, um diário a contar o que se tinha passado…

Afinal tinham ido de férias… Aqui fica o plano e o relato da viagem…


Destino: Salou, Espanha
Plano de viagem: partida de Lisboa no Dia 1, ao fim da tarde, rumo a Madrid. Ficar em Madrid uma noite, num hotel Ibis perto da estrada. Sair do hotel de manhã cedo em direcção a Salou. Ficar sete dias em Salou num parque de campismo, até ao Dia 9. Regressar nesse dia, ao fim da tarde, seguindo o mesmo percurso feito na ida. Chegada a Lisboa, no Dia 10, ao final da tarde.
Material indispensável: 2 possuídos, 1 playlist com 52 músicas, 2 doses industriais de hormonas, 4 chupa-chupas, 4 pastilhas elásticas, 1 kit sexual (contendo 1 dildo, 2 gellys, 1 cordão de bolas chinesas e 1 cordão de bolinhas anais – para quem não conheça é favor consultar o site
www.virtualshop.online.pt)

terça-feira, agosto 09, 2005

Sacaninha...

...sabias o efeito que a sms ia ter em mim... e também sabias que não tinha dinheiro para te responder!!

Saber que te masturbavas ontem a pensar nas fodas que vamos dar pela casa fora deixou-me doido de tesão... o meu corpo começou a aquecer e uma inquietude irritante apoderou-se do meu corpo... sabes bem que não consigo adormeçer assim sacana!! É impressionante como desde que te conheci sempre que me masturbo penso em ti, nas tuas curvas, na tua cara marota, na maneira como o teu corpo dança a cada toque meu, nesse teu cu de foda que me deixa louco e a cada suspiro ofegante que sinto no meu pescoço... foi assim ontem sacana, não me controlei e também o fiz a pensar em ti claro...

Mais logo ao final da tarde eu respondo-te ao ouvido amor, mas acredita que o dia de hoje vai demorar a passar simplesmente porque estou ansioso por saber qual vai ser a reacção dos nossos lábios quando se tocarem e os nossos corpos se roçarem de desejo...

para ti um beijo, uma lambidela na cona e um apertão no mamilo...
Mr. Teaser